Economista, ex-ministro da Fazenda, deixou um legado na música erudita e esboços de um grande estudo
Mario Henrique Simonsen (1935-1997) entrou para a história como um professor que formou gerações de economistas e foi um servidor público em períodos nos quais a economia estava à beira de um colapso – desde os antecedentes que culminaram na deposição de João Goulart, em 1964, à crise no ciclo militar em razão dos choques do petróleo, entre 1973 e 1979. Foi ministro da Fazenda no Governo Geisel (1974-1978) e do Planejamento por cinco meses do Governo Figueiredo (1979-1984). Ele deixou um ensaio inédito com a seleção das 100 melhores músicas eruditas, que está em busca de uma curadoria e edição à altura do grande mestre porque a obra ficou incompleta.
O jovem Simonsen fundou, anos 1960, a tradicional pós-graduação em Economia do país, a premiada FGV EPGE, por onde passaram grandes alunos e mestres renomados. Alguns deles, como Dionísio Dias Carneiro (1945-2010), fundaram a pós na PUC-Rio, depois de uma divisão histórica na EPGE.
A faceta mais emblemática e menos conhecida do homem que contabilizava até detalhes mundanos do seu estilo pessoal, como o consumo de cigarros, é o de cantor erudito, maestro e crítico. Por dez anos, antes de assumir a coluna nesta EXAME, ele escreveu sobre o bel canto. Ali quebrou um paradigma, o que seria uma marca registrada em sua vida: as seções na VEJA, da Editora Abril, tinham um padrão variável – poderiam ocupar apenas duas colunas ou se espraiar por duas páginas.
Não havia periodicidade, mas apenas uma certeza: os textos eram cáusticos e por vezes até humilhantes para quem seria alvo de sua pena afiada. Ele escrevia com a precisão de um timoneiro americano e de um cronista sedimentado em um velho magazine inglês. Era a crítica em estado puro e tão transbordante quanto uma dízima periódica, à altura do também matemático que teimou em ser ministro da Fazenda. Assumiu uma missão quase impossível aos 39 anos _ o chamado milagre econômico de Delfim Netto fazia água por todos os lados e o choque do petróleo produzia uma inflação elevada, o que trouxe enormes repercussões nas famílias pobres, as antigas sócias do malfadado milagre econômico da ditadura militar do general Garrastazu Medici (1970-1974), que liderou a patranhada contra as liberdades civis à base da tortura.
Em toda essa hecatombe, a música erudita era um hobby do economista Simonsen desde que deixara o Ministério do Planejamento, em agosto de 1979, que culminou em uma coletiva de imprensa, na praia de Ipanema, Posto 9, em frente à sua residência, no Rio de Janeiro. Trajando uma sunga, Mario Henrique rompia com os padrões da comunicação.
Era superlativo em tudo o que fazia e não poderia ser diferente com os ensaios na OSB, sempre marcados pelo tom original e pela exuberância criativa. Ele frequentava, anualmente, o chamado circuito operístico, que começava em Verona, na Itália, passava por Salzburgo, na Áustria, e terminava em Bayreuth, na Alemanha, terra do compositor Richard Wagner. E, Viena, sempre.
Acrescente-se a isso as pilhas de CDs compradas em Nova York após as reuniões mensais do conselho do Citicorp, o controlador do outrora grandioso Citibank. Eram os últimos lançamentos da música erudita, anos 1980. Por quinze anos, exerceu a função, tendo sido o mais longevo conselheiro, segundo John Reed, ex-chefão do Citi. Esta sua coleção foi posta em um leilão pela viúva, em 1998, e adquirida pelo investidor Nelson Tanure.
Provocado pelo jornalista e acadêmico Luiz Paulo Horta (1943-2013), um amigo querido, Simonsen fez uma lista com as 600 músicas eruditas mais emblemáticas da humanidade. Após tertúlias em seu apartamento na avenida Vieira Souto, 350, no Rio, ou em sua residência na Granja Comary, em Teresópolis (RJ), ele, com o pendor de um bom jornalista, resumiu a sua lista a 100 músicas.
O maestro Isaac Karabtchevsky e amigo dá o seu parecer:
““Evoco sempre aquilo que menos impacto provocou na mídia: o grande musicólogo e profundo conhecedor de música erudita com quem tive a felicidade de conviver”.”
Simonsen não chegou a concluir a missão que lhe foi dada por Luiz Paulo Horta. A incompletude do material, no entanto, não desabona a sua publicação, no entendimento de Manoel Corrêa do Lago, que conviveu com Horta e com o economista, no campo da música erudita.
Por razões desconhecidas, a obra, em que cada compositor merecia um verbete em um texto escorreito e criativo com as melhores indicações de gravações das sinfonias ou sonatas citadas, ficou incompleta. Nem mesmo a sua mulher, Iluska Simonsen (1941-2017), uma notável enxadrista que assinou uma coluna no “Jornal do Brasil”, soube da razão da incompletude.
Este lado cult ou desconhecido do velho professor é comprovado em 1988 em reportagem do jornalista, apresentador e repórter do Jornal da Globo, Paulo Henrique Amorim, em que o economista rege a OSB – a Orquestra Sinfônica Brasileira. Mario Henrique foi o presidente da Fundação OSB em uma sucessão de antigos conhecidos, como Octavio Gouvêa de Bulhões e Eugênio Gudin, todos egressos da FGV. Era uma tríade do pensamento econômico liberal a favor do interesse público. Eram defensores do mercado com a mão firme do Estado.
Apesar dos percalços da Fundação OSB, Simonsen evitava pedir mais subsídios ao governo central, pois sabia das dificuldades financeiras do Erário público. E como sabia. Preferia obter apoio de empresas privadas e de pessoas físicas. Nesta época, não havia a Lei de Incentivo à Cultura.
O empresário João Roberto Marinho, presidente do Grupo Globo, cedeu a íntegra de toda a reportagem preparada por Paulo Henrique na qual Simonsen, segundo o veredicto da OSB e de outros músicos, rege com precisão a sinfonia de Mozart, tal como está disponível no link do YouTube desta coluna.
O economista e o repórter demonstram afeição e respeito mútuo. À época, MHS tinha 53 anos e estava longe de produzir a sua obra prima composta por um tratado inicial à epistemologia, o primoroso e até hoje escondido “Ensaios Analíticos” (FGV Editora), resultado de um curso dado para um elenco estelar em que se incluem do investidor Daniel Valente Dantas ao economista André Lara Resende.
Vale reproduzir um pequeno trecho em que o repórter Paulo Henrique Amorim e o economista não escondem a sua ironia com o então ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, aquele que deixou uma herança de mais de 200.000% de inflação anuais, considerando os 80% projetados em março de 1990.
Este é o primeiro movimento da sinfonia 40 de Mozart sob a regência de Mario Henrique Simonsen, anuncia o jornalista.
Ministro – O que o senhor está fazendo aqui em um ensaio da Orquestra Sinfônica Brasileira?
_ Eu estou estreando a minha carreira de aluno de regência do maestro Isaac
Karabtchevsky mas sobretudo para levar à sociedade brasileira a importância de arrecadar recursos para a OSB. Eu sou o presidente do conselho curador da Orquestra.
_ Quanto custa esta Orquestra, ministro?
_ Considerando que é a melhor orquestra da América do Sul, ela custa (preços de 1988) cerca de 1,5 milhão de dólares por ano. Nossas despesas administrativas são leves e temos cerca de 100 músicos, todos donos de seus instrumentos. O salário é muito abaixo do que gostaríamos de pagar. *
– O que é mais fácil: reger a OSB ou o Ministério da Fazenda hoje?
_ Eu diria que reger a Orquestra Sinfônica é muito mais fácil porque tem excelentes músicos. E a regência depende da qualidade dos músicos regidos. E a Orquestra Sinfônica é excelente.
A resposta de MHS, no melhor estilo de um Mozart, tem o tirocínio de quem conhece os meandros da engrenagem econômica e sabe que sem uma equipe competente, bem treinada, é impossível alcançar a meta desejada, como imaginam gestores e ministros que ainda acreditam em benfeitorias ou em Papai Noel, como costumava dizer o velho professor e maestro por uma incongruência do destino. Qualquer semelhança com a realidade de hoje é uma mera coincidência. Mario Henrique, com a sua sabedoria e sarcasmo habituais, não estaria pronunciando algo fora deste nó de marinheiro, cuja âncora parece ainda distante da terra firme e do porto seguro.
Simonsen não lia ficção e era um grande especialista em fazer a varredura diante de um problema, sendo capaz de apontar cada variável, tal como em uma sala de aula, onde, às vezes, usava uma camisa polo pranteada com o giz branco. Ali, como as óperas que sabia de cor, Don Giovanni, Othelo e Tristão e Isolda, as suas prediletas, a lógica era outra e a sua varredoura era completa. Tal como uma sinfonia de um Mozart ou as notas musicais da Nona Sinfonia de Beethoven, descritas, em notação matemática, no “Ensaios Analíticos”, que no futuro será revisitado por um mestre à altura do criador.
Mario Henrique Simonsen foi um conservador criativo dedicado ao ensino acadêmico e defensor de teses heterodoxas, que culminaram em eliminar a inflação e a lançar bases para um crescimento econômico sustentável, com o Plano Real, que completará 30 anos em 2024. Era um admirador do Plano Larida, de 1984, o esboço do choque heterodoxo sistematizado por Persio Arida e André Lara Resende. “A PUC-Rio é a minha EPGE do B”, dizia com a ironia de um inglês formado no Colégio Santo Inácio, escola dirigida por jesuítas, em que foi o melhor aluno de sua história. Simonsen era um esteta fora de contexto.
A música erudita agradece ao maestro.
A íntegra da reportagem supracitada e cedida, sem cortes ou edição pela TV Globo, está disponível aqui:
Mario Henrique Simonsen (1935-1997) entrou para a história como um professor que formou gerações de economistas e foi um servidor público em períodos nos quais a economia estava à beira de um colapso – desde os antecedentes que culminaram na deposição de João Goulart, em 1964, à crise no ciclo militar em razão dos choques do petróleo, entre 1973 e 1979. Foi ministro da Fazenda no Governo Geisel (1974-1978) e do Planejamento por cinco meses do Governo Figueiredo (1979-1984). Ele deixou um ensaio inédito com a seleção das 100 melhores músicas eruditas, que está em busca de uma curadoria e edição à altura do grande mestre porque a obra ficou incompleta.
O jovem Simonsen fundou, anos 1960, a tradicional pós-graduação em Economia do país, a premiada FGV EPGE, por onde passaram grandes alunos e mestres renomados. Alguns deles, como Dionísio Dias Carneiro (1945-2010), fundaram a pós na PUC-Rio, depois de uma divisão histórica na EPGE.
A faceta mais emblemática e menos conhecida do homem que contabilizava até detalhes mundanos do seu estilo pessoal, como o consumo de cigarros, é o de cantor erudito, maestro e crítico. Por dez anos, antes de assumir a coluna nesta EXAME, ele escreveu sobre o bel canto. Ali quebrou um paradigma, o que seria uma marca registrada em sua vida: as seções na VEJA, da Editora Abril, tinham um padrão variável – poderiam ocupar apenas duas colunas ou se espraiar por duas páginas.
Não havia periodicidade, mas apenas uma certeza: os textos eram cáusticos e por vezes até humilhantes para quem seria alvo de sua pena afiada. Ele escrevia com a precisão de um timoneiro americano e de um cronista sedimentado em um velho magazine inglês. Era a crítica em estado puro e tão transbordante quanto uma dízima periódica, à altura do também matemático que teimou em ser ministro da Fazenda. Assumiu uma missão quase impossível aos 39 anos _ o chamado milagre econômico de Delfim Netto fazia água por todos os lados e o choque do petróleo produzia uma inflação elevada, o que trouxe enormes repercussões nas famílias pobres, as antigas sócias do malfadado milagre econômico da ditadura militar do general Garrastazu Medici (1970-1974), que liderou a patranhada contra as liberdades civis à base da tortura.
Em toda essa hecatombe, a música erudita era um hobby do economista Simonsen desde que deixara o Ministério do Planejamento, em agosto de 1979, que culminou em uma coletiva de imprensa, na praia de Ipanema, Posto 9, em frente à sua residência, no Rio de Janeiro. Trajando uma sunga, Mario Henrique rompia com os padrões da comunicação.
Era superlativo em tudo o que fazia e não poderia ser diferente com os ensaios na OSB, sempre marcados pelo tom original e pela exuberância criativa. Ele frequentava, anualmente, o chamado circuito operístico, que começava em Verona, na Itália, passava por Salzburgo, na Áustria, e terminava em Bayreuth, na Alemanha, terra do compositor Richard Wagner. E, Viena, sempre.
Acrescente-se a isso as pilhas de CDs compradas em Nova York após as reuniões mensais do conselho do Citicorp, o controlador do outrora grandioso Citibank. Eram os últimos lançamentos da música erudita, anos 1980. Por quinze anos, exerceu a função, tendo sido o mais longevo conselheiro, segundo John Reed, ex-chefão do Citi. Esta sua coleção foi posta em um leilão pela viúva, em 1998, e adquirida pelo investidor Nelson Tanure.
Provocado pelo jornalista e acadêmico Luiz Paulo Horta (1943-2013), um amigo querido, Simonsen fez uma lista com as 600 músicas eruditas mais emblemáticas da humanidade. Após tertúlias em seu apartamento na avenida Vieira Souto, 350, no Rio, ou em sua residência na Granja Comary, em Teresópolis (RJ), ele, com o pendor de um bom jornalista, resumiu a sua lista a 100 músicas.
O maestro Isaac Karabtchevsky e amigo dá o seu parecer:
““Evoco sempre aquilo que menos impacto provocou na mídia: o grande musicólogo e profundo conhecedor de música erudita com quem tive a felicidade de conviver”.”
Simonsen não chegou a concluir a missão que lhe foi dada por Luiz Paulo Horta. A incompletude do material, no entanto, não desabona a sua publicação, no entendimento de Manoel Corrêa do Lago, que conviveu com Horta e com o economista, no campo da música erudita.
Por razões desconhecidas, a obra, em que cada compositor merecia um verbete em um texto escorreito e criativo com as melhores indicações de gravações das sinfonias ou sonatas citadas, ficou incompleta. Nem mesmo a sua mulher, Iluska Simonsen (1941-2017), uma notável enxadrista que assinou uma coluna no “Jornal do Brasil”, soube da razão da incompletude.
Este lado cult ou desconhecido do velho professor é comprovado em 1988 em reportagem do jornalista, apresentador e repórter do Jornal da Globo, Paulo Henrique Amorim, em que o economista rege a OSB – a Orquestra Sinfônica Brasileira. Mario Henrique foi o presidente da Fundação OSB em uma sucessão de antigos conhecidos, como Octavio Gouvêa de Bulhões e Eugênio Gudin, todos egressos da FGV. Era uma tríade do pensamento econômico liberal a favor do interesse público. Eram defensores do mercado com a mão firme do Estado.
Apesar dos percalços da Fundação OSB, Simonsen evitava pedir mais subsídios ao governo central, pois sabia das dificuldades financeiras do Erário público. E como sabia. Preferia obter apoio de empresas privadas e de pessoas físicas. Nesta época, não havia a Lei de Incentivo à Cultura.
O empresário João Roberto Marinho, presidente do Grupo Globo, cedeu a íntegra de toda a reportagem preparada por Paulo Henrique na qual Simonsen, segundo o veredicto da OSB e de outros músicos, rege com precisão a sinfonia de Mozart, tal como está disponível no link do YouTube desta coluna.
O economista e o repórter demonstram afeição e respeito mútuo. À época, MHS tinha 53 anos e estava longe de produzir a sua obra prima composta por um tratado inicial à epistemologia, o primoroso e até hoje escondido “Ensaios Analíticos” (FGV Editora), resultado de um curso dado para um elenco estelar em que se incluem do investidor Daniel Valente Dantas ao economista André Lara Resende.
Vale reproduzir um pequeno trecho em que o repórter Paulo Henrique Amorim e o economista não escondem a sua ironia com o então ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, aquele que deixou uma herança de mais de 200.000% de inflação anuais, considerando os 80% projetados em março de 1990.
Este é o primeiro movimento da sinfonia 40 de Mozart sob a regência de Mario Henrique Simonsen, anuncia o jornalista.
Ministro – O que o senhor está fazendo aqui em um ensaio da Orquestra Sinfônica Brasileira?
_ Eu estou estreando a minha carreira de aluno de regência do maestro Isaac
Karabtchevsky mas sobretudo para levar à sociedade brasileira a importância de arrecadar recursos para a OSB. Eu sou o presidente do conselho curador da Orquestra.
_ Quanto custa esta Orquestra, ministro?
_ Considerando que é a melhor orquestra da América do Sul, ela custa (preços de 1988) cerca de 1,5 milhão de dólares por ano. Nossas despesas administrativas são leves e temos cerca de 100 músicos, todos donos de seus instrumentos. O salário é muito abaixo do que gostaríamos de pagar. *
– O que é mais fácil: reger a OSB ou o Ministério da Fazenda hoje?
_ Eu diria que reger a Orquestra Sinfônica é muito mais fácil porque tem excelentes músicos. E a regência depende da qualidade dos músicos regidos. E a Orquestra Sinfônica é excelente.
A resposta de MHS, no melhor estilo de um Mozart, tem o tirocínio de quem conhece os meandros da engrenagem econômica e sabe que sem uma equipe competente, bem treinada, é impossível alcançar a meta desejada, como imaginam gestores e ministros que ainda acreditam em benfeitorias ou em Papai Noel, como costumava dizer o velho professor e maestro por uma incongruência do destino. Qualquer semelhança com a realidade de hoje é uma mera coincidência. Mario Henrique, com a sua sabedoria e sarcasmo habituais, não estaria pronunciando algo fora deste nó de marinheiro, cuja âncora parece ainda distante da terra firme e do porto seguro.
Simonsen não lia ficção e era um grande especialista em fazer a varredura diante de um problema, sendo capaz de apontar cada variável, tal como em uma sala de aula, onde, às vezes, usava uma camisa polo pranteada com o giz branco. Ali, como as óperas que sabia de cor, Don Giovanni, Othelo e Tristão e Isolda, as suas prediletas, a lógica era outra e a sua varredoura era completa. Tal como uma sinfonia de um Mozart ou as notas musicais da Nona Sinfonia de Beethoven, descritas, em notação matemática, no “Ensaios Analíticos”, que no futuro será revisitado por um mestre à altura do criador.
Mario Henrique Simonsen foi um conservador criativo dedicado ao ensino acadêmico e defensor de teses heterodoxas, que culminaram em eliminar a inflação e a lançar bases para um crescimento econômico sustentável, com o Plano Real, que completará 30 anos em 2024. Era um admirador do Plano Larida, de 1984, o esboço do choque heterodoxo sistematizado por Persio Arida e André Lara Resende. “A PUC-Rio é a minha EPGE do B”, dizia com a ironia de um inglês formado no Colégio Santo Inácio, escola dirigida por jesuítas, em que foi o melhor aluno de sua história. Simonsen era um esteta fora de contexto.
A música erudita agradece ao maestro.
A íntegra da reportagem supracitada e cedida, sem cortes ou edição pela TV Globo, está disponível aqui:
*Observação: Simonsen, possivelmente, menciona o orçamento ideal da OSB, que vivia mergulhada em um déficit. O valor em dólar, a preços correntes de hoje, é de US$ 3,8 milhões. E o salário de um músico, de 85 OTNs (Obrigações do Tesouro Nacional) em junho de 1988, é equivalente a R$ 3.500, uma cifra muito baixa, como reconhece o economista. Deduz-se, portanto, que ele cita um orçamento que não era atingido pelas condições da época.
Publicado em: https://exame.com/colunistas/coriolano-gatto/a-obra-incompleta-do-maestro-mario-henrique-simonsen/amp/